Cidade em Movimento

Talk Show homenageia João Gilberto

Nesse sábado (29), o produtor musical Armando Pittigliani recebeu convidados na Arena do Centro de Cultura João Gilberto, em Juazeiro, proporcionando ao público uma verdadeira imersão na história, nos conceitos e na influência da Bossa Nova, um dos gêneros mais marcantes da música popular brasileira. O maestro Flávio Mendes conduziu o encontro intercalando relatos e curiosidades sobre o surgimento do gênero com canções que marcaram o início desse movimento musical.

O público presente pode conhecer melhor a trajetória de Joãozinho, filho de Dona Patu e seu Juveniano, que saiu de Juazeiro para conquistar o mundo. Após passagens, sem muito destaque, pelas bandas Garotos da Lua, Anjos do Inferno e Quitandinha Serenaders, João Gilberto Prado Pereira, ou simplesmente João Gilberto, visitou sua irmã Dadadinha na cidade mineira de Diamantina, e foi lá, no banheiro da residência, que encontrou a batida perfeita, unindo o violão à sua voz suave. Porém, foi em Juazeiro, durante uma visita à família, que o “Joãozinho de Dona Patu” compôs Bim Bom, considerada a primeira música da Bossa Nova, incluída em seu primeiro compacto simples ao lado de Chega de Saudade.

A professora Maria Cardoso relembrou momentos marcantes proporcionados pelo espetáculo.  “Um formato dinâmico que nos permite reviver, de uma forma bem interessante, músicas que fazem parte da nossa história e da música brasileira, e ao mesmo tempo conhecer fatos e curiosidades que a gente nem imaginava sobre o início da Bossa Nova.”

Durante o bate-papo, o maestro Flávio Mendes também explicou a origem do nome Bossa Nova. “Bossa era uma palavra usada para se referir a alguém que tinha uma forma diferente de tocar. Havia uma garotada na zona sul do Rio de Janeiro que tocava samba de um jeito particular. Quando foram se apresentar em um teatro no Rio, o cartaz anunciava Silvia Teles e ‘um grupo Bossa Nova’, fazendo essa junção entre o jeito de tocar e aquele grupo jovens que tinha a presença de João Gilberto.”

Produtor responsável por cerca de 50% das gravações do movimento, Armando Pittigliani viveu de perto o surgimento da Bossa Nova e compartilhou memórias e  curiosidades. “O curioso é que ninguém gostava do termo ‘Bossa Nova’. Muitos artistas insistiam em dizer que tocavam samba de uma forma diferente, mais suave. Só uns dez anos depois todos passaram a assumir o nome.”

Pittigliani destacou ainda a importância de João Gilberto para a música brasileira. “A música brasileira é o que é graças a João. Sem ele, nossa música não teria o reconhecimento e o respeito que tem mundo afora. João Gilberto não nasceu em Juazeiro; ele nasceu em Marte, e sua nave pousou em Juazeiro”, disse em tom bem-humorado.

João Gilberto revolucionou a música popular brasileira. Ao lado de Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Roberto Menescal e outros artistas da época, promoveu uma fusão sofisticada do samba com influências do jazz, resultando em uma batida mais suave e letras que celebravam o estilo de vida carioca. O movimento tornou-se símbolo da modernidade brasileira e ganhou o mundo.

O Bossa Talk Show integra a programação do Festival A Bossa, iniciativa da Prefeitura de Juazeiro, por meio da Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes (Seculte), que celebra o legado de João Gilberto — carinhosamente chamado em sua terra natal de Joãozinho. O festival oferece ao público a oportunidade de vivenciar a Bossa Nova em sua essência, conectando os Rios de Janeiro e São Francisco.

Em visita ao Vale do São Francisco, a francesa Delphine Picard aproveitou para prestigiar o festival: “João Gilberto é muito conhecido na França. O álbum com Stan Getz, misturando jazz, faz grande sucesso. Fora ele, eu conhecia pouco da Bossa Nova, mas adorei ouvir as músicas e as histórias.”

O Festival A Bossa segue neste domingo (30) com a apresentação dos vencedores do Festival Edésio Santos da Canção e shows de Alexandre Leão, Roberta Sá e Vanessa da Mata.

Ascom PMJ

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